XX Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
TEMA: Discriminação na Educação Física e Esporte: perspectivas de diferentes olhares
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O Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa tem uma longa história, permeada pelo interesse inicial de dois importantes atores, conforme nos relata Bento (2018). Segundo ele, o evento teve seu impulso inicial, na década de 1980, a partir do interesse dele próprio, Jorge Olímpio Bento, naquele período docente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e do professor Alfredo Gomes Faria Junior, do Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IEFD-UERJ). Bento, informa ainda que, embora não se conhecessem pessoalmente, naquela altura, marcaram um encontro na cidade do Porto, no qual discutiram a criação de um movimento lusófono para debater questões afetas à área. Foi aí o nascedouro do I Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, que ocorreu no Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IEFD-UERJ), Rio de Janeiro, Brasil, em 1989, com a temática central “A aula de educação física”. Contudo, o evento foi construído pelo esforço de diversos acadêmicos e instituições dos países de língua portuguesa. Em 2016, em discurso de abertura do evento Fonseca (2016) relatou:
"Como sabem, o movimento que está na origem dos Congressos de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa foi iniciado por um conjunto de académicos de várias instituições, unidos pela paixão pelas questões das ciências do desporto e da educação física e pelo sonho da criação de um palco amplo, participado e dinâmico onde a lusofonia as pudesse discutir, desenvolvendo o seu conhecimento neste domínio. Igualmente crucial, para além da visão, conhecimento e lucidez essenciais para delinear um projeto desta natureza, foi a capacidade e o engenho demonstrados para reunir os indispensáveis apoios e entusiasmos para o tornar realidade."
Daquele período até 2023 foram realizadas dezenove edições do evento, abordando temáticas diversas e sendo sediado em três países lusófonos e em uma região da Espanha cuja língua tem relação com o português, a Galícia, a saber: 9 vezes no Brasil, 6 em Portugal, 3 em Moçambique (uma delas virtual durante a pandemia) e 1 na Espanha. E, como bem afirma Fonseca( 2016) “a realização deste Congresso se tenha tornado um acontecimento aguardado e com um espaço singular na nossa agenda” .
No último evento, realizado em Coimbra, estiveram presentes diferentes países que têm o idioma português como uma de suas línguas oficiais. O evento de carácter científico e profissional é organizado a cada dois anos (como mostra a breve história recapitulada nesta introdução) e destina-se a professores(as), educadores(as), estudantes, treinadores(as) e técnicos(as) de exercício físico, bem como a académicos(as) na área das Ciências do Desporto e Educação Física, oriundos(as) do espaço da lusofonia. O esforço do evento nestes quase 32 anos foi de promover e facilitar o intercâmbio entre os diferentes países e as diferentes instituições de ensino superior promovendo e facilitando a cooperação, a formação académica e profissional bem como o estabelecimento de pontes para a cooperação e para a investigação na área das Ciências do Desporto e Educação Física, em língua portuguesa.
Em 2025 o evento chega novamente ao Brasil. A organização do Congresso é motivo de grande satisfação para a Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), uma vez que tal evento pode colaborar com a consolidação e reflexão em relação aos estudos sobre esporte e educação física nos Países de Língua Portuguesa e expandir contatos e parcerias entre países do norte e do sul global. Além disso, o Congresso pode colaborar para estreitamento de relações com os outros cursos da Unicamp que têm o esporte e os debates sobre a cultura corporal ou de movimento como objeto de estudo e de trabalho, bem como contribuir com as discussões e possíveis sistematizações relacionadas aos diferentes campos de atuação.
Está prevista a participação no evento de pesquisadores(as) nacionais e internacionais ligados(as) à área, oportunamente apresentando trabalhos científicos e participando dos debates com conferencistas destacados(as).
Nesta edição, que ocorrerá de 19/3/2025 à 21/3/2025, a temática eleita trata da discriminação, tomado diferentes marcadores sociais como: raça, gênero, classe social, nacionalidade, etc. Neste sentido, tomamos a ideia de Almeida (2019) especificamente sobre o racismo, para argumentar que toda discriminação é estrutural. Para o autor, o racismo estrutural é plasmado na sociedade de modo a se manifestar na vida social, na política e na economia de forma naturalizada. Desta forma, quando discutimos a discriminação, a entendemos como plasmada também na sociedade e naturalizada em todos os campos, dentre eles, a cultura, a prática corporal, a educação do corpo e o esporte. Assim, efetivamente precisamos de análises críticas que desnaturalizem a discriminação. Todas as dimensões epistemológicas são legítimas e válidas no percurso histórico e científico para esta empreitada. Porém, o que não pode mais ser tolerado no processo de avanço civilizatório é a dominação de discursos e formas de viver que sejam excludentes, desiguais, autoritárias. Neste sentido, o tema do evento evoca e convoca o intenso debate que diferentes correntes teóricas vêm empreendendo no sentido de construir um olhar crítico sobre a discriminação e o fortalecimento dos(as) historicamente discriminados(as).
Para o tratamento do tema, estão propostas quatro mesas, sendo a mesa de abertura intitulada: Diferentes olhares para a discriminação no Esporte e na Educação Física que contará com a presença de pesquisadores(as) do Brasil, de Portugal e da África. E três outras mesas intituladas: Sobre a discriminação na Educação Física, no Esporte e no Lazer - contribuições das ciências humanas; Saúde da Mulher: Benefícios e desafios da atividade física na atualidade; Estudos sobre discriminação no esporte e biodinâmica.